Desde o surgimento dos primeiros sistemas de escrita e registro de informações, a necessidade de proteger dados pessoais e comerciais tornou-se evidente, impulsionando a criação dos primeiros mecanismos de autenticação. Nesse contexto, surge a pergunta fundamental: o que é password? Afinal, estamos falando de um dos termos que definem a base de qualquer sistema de segurança digital moderno.
Hoje, ao falarmos de passwords, passphrases e passkeys, estamos abordando maneiras distintas, ainda que complementares, de garantir que apenas usuários autorizados tenham acesso a contas, dispositivos e serviços.
As passwords são cadeias curtas de caracteres que combinam letras, números e símbolos, enquanto as passphrases consistem em frases ou sentenças longas, geralmente mais fáceis de lembrar e mais difíceis de quebrar. Já o termo passkey representa uma evolução mais segura e conveniente, baseada em criptografia de chave pública, que promete substituir a dependência exclusiva de senhas tradicionais.
Nos primórdios da computação, era comum que sistemas operacionais simples exigissem senhas curtas, muitas vezes compostas por seis a oito caracteres alfanuméricos. Essa limitação técnica, aliada à falta de conscientização dos usuários, resultou em passwords extremamente frágeis, como “123456” ou “senha”. Com o aumento da conexão entre máquinas e, posteriormente, com a popularização da internet, a segurança passou a ser um ponto crítico: quais seriam as melhores práticas ao criar uma password?
As diretrizes evoluíram: incorporar letras maiúsculas e minúsculas, números e símbolos, aumentar o comprimento mínimo e evitar palavras de dicionário. Ainda assim, a técnica de força bruta e ataques de dicionário demonstraram que muitos passwords não eram soluções realmente robustas.
Diante das limitações das senhas curtas, especialistas em segurança começaram a recomendar o uso de passphrases como alternativa. Uma passphrase é, em essência, uma frase ou sequência de palavras que, juntas, formam uma cadeia de caracteres significativamente mais longa do que uma senha tradicional. Por exemplo, em vez de “P@ssw0rd!”, uma passphrase poderia ser “VerdeCéu3strelaM4drugada2025?”.
A ideia é simples: aumentar exponencialmente o número de combinações possíveis ao incrementar o comprimento e a complexidade sem sacrificar a memorização. Ao perguntar o que é password em um contexto mais avançado, deve-se incluir a noção de passphrase, pois ela representa uma evolução na forma de proteger contas de email, sistemas bancários e redes corporativas.
Mas a inovação não parou por aí. Ao perceber que ainda existia grande dependência das passwords tradicionais, com todos os riscos que elas carregavam, o setor de tecnologia avançou para o conceito de passkeys. Essa tecnologia, muitas vezes associada a padrões como FIDO2 e WebAuthn, utiliza criptografia assimétrica: um par de chaves – pública e privada – é gerado no dispositivo do usuário. A chave privada nunca deixa o dispositivo, enquanto a pública é compartilhada com o serviço.
Assim, ao fazer login, o sistema solicita que o usuário prove a posse da chave privada, geralmente via biometria ou PIN local, eliminando a necessidade de digitar uma password. A adoção de passkeys deve crescer nos próximos anos, já que elas solucionam diversos problemas associados a passwords fracas, passphrases esquecidas ou reutilizadas e ataques de phishing.
No uso cotidiano, senha, passphrase e passkey coexistem. Muitos serviços ainda exigem que o usuário defina uma password e, em alguns casos, permitem a configuração de passphrases.
Ao mesmo tempo, ofertas mais recentes oferecem passkey como método de autenticação principal ou secundário. Quando um usuário se cadastra em um novo serviço, frequentemente se depara com recomendações de “faça sua senha longa e complexa”, complementadas por sugestões de “use sua frase secreta”.
O próprio navegador ou sistema operacional pode sugerir a criação de passkey, solicitando que se registre um dispositivo confiável, como um smartphone com leitor de impressão digital. Assim, os conceitos convergem e o usuário passa a usufruir de múltiplas camadas de proteção.
Entretanto, os perigos de se manter uma senha fraca são muitos. No cenário digital, um invasor pode tentar adivinhar uma senha por meio de ataques de força bruta – onde um software tenta, sistematicamente, todas as combinações possíveis até encontrar a correta – ou por meio de ataques de dicionário, que testam rapidamente palavras comuns e variações simples.
Quando o usuário escolhe “senha123” ou “abcdef”, ele está concedendo ao atacante uma enorme vantagem, reduzindo o tempo necessário para ter acesso não autorizado a poucos minutos ou até segundos.
Além disso, a prática de reutilizar a mesma password em diferentes serviços amplia o risco: uma breve violação em uma plataforma pode comprometer contas de e-mail, redes sociais e até sistemas bancários. No Brasil e no mundo, casos de vazamento de dados acontecem com frequência, expondo milhões de passwords em listas que circulam livremente na dark web, aguardando vítimas que ainda não atualizaram suas credenciais.
Ataques cibernéticos que exploram senhas assumem diversas formas. O phishing, por exemplo, utiliza de engenharia social para enganar o usuário e levá-lo a fornecer sua senha em um site falso, embora muito semelhante ao verdadeiro.
Nessas situações, não importa se a senha ou passphrase é longa e complexa: se o usuário for enganado a digitar seus dados em um formulário malicioso, o atacante obtém acesso direto. Existem também os keyloggers, softwares maliciosos que registram tudo o que é digitado no teclado, capturando senhas sem a necessidade de quebra de criptografia.
Em ambientes corporativos, ataques de credential stuffing exploram senhas vazadas para acessar sistemas internos, já que muitos funcionários reutilizam a mesma password em diferentes plataformas. A adoção de passkeys mitiga grande parte desses riscos, pois não há senha a ser digitada ou capturada – a autenticação se baseia em chaves criptográficas secretas, não expostas a formulários fraudulentos.
Além dos ataques tecnológicos, o fator humano continua sendo um dos maiores elos fracos. A pressa, o comodismo e a falta de conhecimento levam muitas pessoas a anotar senhas em pedaços de papel colados no monitor ou a usar combinações fáceis de lembrar. Quando se questiona o que é password no contexto da vida real, é fundamental lembrar que senhas seguras não devem ser escritas em lugares acessíveis a terceiros, nem devem ser comunicadas por telefone ou mensagem.
A recuperação de conta em casos de esquecimento, em geral, demanda processos que podem ser complexos ou sujeitos a falhas de segurança adicionais, como perguntas de segurança baseadas em informações pessoais que podem ser facilmente encontradas online. A combinação de senhas fracas, má gestão e vulnerabilidades de engenharia social representa uma ameaça constante, tanto para usuários domésticos quanto para grandes corporações.
Em resposta a esses desafios, as melhores práticas de segurança evoluíram. Convém explicar que a criação de senhas longas, com pelo menos 12 caracteres, que mesclem tipos diferentes de caracteres, eleva significativamente a dificuldade de violação por força bruta. No entanto, a extensão sem memorização adequada pode gerar frustração e induzir à reutilização, por isso o uso de um gerenciador de password tem se mostrado essencial.
Esses aplicativos armazenam de forma criptografada todas as senhas e passphrases do usuário, permitindo a geração automática de credenciais fortes e únicas para cada serviço, acessíveis apenas por meio de uma senha-mestre ou, melhor ainda, por meio de uma passkey. Assim, não é necessário lembrar dezenas de senhas — basta proteger bem a chave primária.
Para organizações, a recomendação inclui a adoção de autenticação multifator, combinando algo que o usuário sabe (password ou passphrase) com algo que ele tem (token físico ou aplicativo de autenticação) ou algo que ele é (biometria). Além disso, a migração gradual para passkeys deve ser considerada, pois, embora ainda não sejam universalmente suportadas, seu uso reduz drasticamente o risco de phishing e credential stuffing.
Ferramentas de monitoramento de dark web e serviços de alerta de vazamentos permitem que usuários e empresas sejam informados quando suas credenciais aparecem em listas de senhas comprometidas. Em seguida, a troca imediata por senhas robustas ou, preferencialmente, o registro de uma passkey, fortalece a segurança de forma significativa.
Vale ressaltar que, em 2025, o panorama de ameaças mudou consideravelmente em relação a apenas uma década antes. A inteligência artificial e as GPUs potentes estão disponíveis para uso malicioso, tornando ataques de força bruta mais rápidos e acessíveis. Por outro lado, tais tecnologias também permitem o desenvolvimento de algoritmos de proteção mais eficazes, tanto em gerenciadores de senhas quanto em sistemas operacionais que alertam o usuário sobre credenciais fracas.
A educação contínua é fundamental: campanhas de conscientização, treinamentos corporativos e materiais informativos ajudam as pessoas a entenderem a importância de boas práticas e a se manterem atualizadas quanto aos novos métodos de autenticação, como passphrases e passkeys.
Em última análise, compreender o que é password vai além de decorar definições; é reconhecer a relevância da segurança digital em um mundo cada vez mais interconectado. A password tradicional, embora tenha sido revolucionária em suas origens, já demonstra fragilidades no enfrentamento das ameaças contemporâneas.
As passphrases surgem como meio de elevar a barreira de proteção, enquanto as passkeys representam o futuro da autenticação, com potencial de eliminar de vez o problema das senhas fracas e dos ataques de phishing.
Entretanto, toda tecnologia requer adoção consciente: é preciso que usuários e empresas estejam dispostos a migrar para esses métodos avançados, investindo em dispositivos compatíveis e em treinamentos que facilitem a transição.
As recomendações claras são: crie senhas longas e complexas quando necessário, prefira passphrases que você consiga lembrar e que, ao mesmo tempo, sejam difíceis de adivinhar; utilize um gerenciador de password confiável para armazenar todas as credenciais de forma criptografada; ative sempre que possível a autenticação multifator; não reutilize a mesma senha em diferentes serviços.
Substitua o quanto antes passwords por passkeys, aproveitando recursos de login sem senha oferecidos por navegadores e aplicativos; e, por fim, mantenha-se informado sobre novos riscos e métodos de proteção. Com essas práticas, você estará dando um passo importante para proteger seus dados pessoais e profissionais, reduzindo significativamente as chances de sofrer com ataques cibernéticos e garantindo um ambiente digital mais seguro para todos.