Outubro continua a todo vapor — e, com ele, o Mês da Conscientização em Cibersegurança 2025. Este é o momento de celebrar avanços e, sobretudo, de reforçar uma atitude que precisa virar hábito: vigilância ativa. Golpes digitais não são novidade, mas ganharam escala e sofisticação nos últimos anos.
Tecnologias populares como QR Codes e o Pix facilitaram pagamentos e entregas, ao mesmo tempo em que abriram novas superfícies de ataque; ferramentas de inteligência artificial aceleraram a criação de textos, vozes e vídeos convincentes; e a automação permitiu que criminosos atinjam milhares de alvos com pouco esforço.
Neste artigo, vamos explicar como esses golpes funcionam, trazer um panorama do aumento das fraudes, ensinar como identificar sinais de golpe, mostrar como coletar evidências e — o mais importante — como e onde denunciar para proteger outras pessoas também.
Os relatórios e levantamentos das forças policiais e de órgãos especializados indicam que os prejuízos por fraudes eletrônicas atingiram níveis recordes globalmente nos últimos anos, com bilhões em perdas e centenas de milhares de ocorrências registradas. No Brasil, diversas pesquisas e centros de denúncia apontam aumento substancial no número de queixas relacionadas a golpes via aplicativos de mensagem, sites falsos de comércio e fraudes envolvendo Pix.
A subnotificação persiste — muitas vítimas não chegam a registrar boletins de ocorrência —, por isso os números oficiais quase sempre representam apenas uma parte do problema. O que é seguro afirmar é que a combinação de ferramentas digitais ubiquitárias (apps de mensagens, transferências instantâneas, QR Codes) com técnicas cada vez mais refinadas de engenharia social elevou muito o risco para usuários e empresas.
Os golpistas usam diversas abordagens; entender os nomes ajuda a identificar padrões.
A maioria dos golpes não depende de tecnologia sofisticada apenas; depende de exploração psicológica, que chamamos de engenharia social. Golpistas usam gatilhos mentais previsíveis para manipular:
Saber que esses gatilhos são usados já ajuda a diminuir a probabilidade de cair no golpe — desacelerar, verificar e consultar alguém de confiança são armas poderosas.
A melhor defesa é a suspeita saudável. Alguns sinais práticos que indicam uma provável fraude:
Além desses sinais, quando alguém solicita transferência via Pix, cheque duas vezes: confirme por outro meio (ligação ao número oficial, app do banco, contato presencial) e nunca informe códigos de autenticação.
A reação correta pode limitar danos e ajudar investigações. Colete e preserve evidências: tire prints (capturas de tela) das mensagens, salve áudios, grave números e URLs, capture cabeçalhos de e-mail completos quando possível. Não apague nada que possa ser útil.
Interrompa a ação. Se já houve transferência, contate seu banco imediatamente e solicite bloqueio/estorno. Quanto mais cedo, maiores as chances de recuperação. Troque senhas e ative autenticação multifator nas contas críticas (e-mail, bancos, gerenciador de senhas).
Registre também um boletim de ocorrência (B.O.) na polícia ou em delegacia especializada em crimes cibernéticos; isso formaliza a denúncia e abre caminho para investigação. Por fim, denuncie às plataformas, reportando o perfil/anúncio/domínio fraudulento nas redes sociais, marketplaces e provedores de e-mail.
Também é interessante informar ONGs e órgãos de suporte (veja seção a seguir) para que medidas técnicas de derrubada possam ser tomadas.
Denunciar é uma atitude cidadã que ajuda a interromper cadeias de fraude. No Brasil, os principais caminhos costumam ser:
Se o golpe envolver perda financeira internacional, registre também em órgãos competentes do país de origem, quando aplicável. Ao fazer a denúncia, forneça o máximo de detalhes: prints, URLs, IPs se souberem, endereços de carteira cripto, horários e ID de transações. Informações completas aceleram a investigação.
As evidências bem coletadas são essenciais:
Mantenha essas provas em local seguro e faça backups offline; envie cópias para as autoridades quando solicitado.
Quando você denuncia, você não está apenas buscando reparação pessoal: está ajudando a bloquear domínios, a derrubar redes de golpe e a proteger outras pessoas. A ação coordenada de vítimas, empresas e órgãos técnicos costuma ser o caminho mais eficaz para eliminar infraestrutura maliciosa e reduzir a atividade criminosa.
Informar parentes, amigos e colegas sobre sinais de golpe e como coletar provas é uma das defesas mais eficientes. Idosos e pessoas com menos intimidade digital costumam ser alvos preferenciais; um passo simples é ensinar esse círculo próximo a desconfiar de pedidos de urgência, verificar por canais oficiais e a nunca repassar códigos de autenticação. Empresas precisam institucionalizar canais de denúncia e treinar colaboradores para não aceitar pedidos urgentes de transferência sem verificação.
Golpes pela internet são uma ameaça constante e em evolução, alimentada por ferramentas que hoje estão ao alcance de qualquer pessoa — para o bem e para o mal. A mensagem principal do Mês da Conscientização em Cibersegurança é prática: não basta apenas evitar o golpe; é preciso documentar, denunciar e compartilhar conhecimento.
Tire prints, salve áudios, comunique seu banco, registre boletim de ocorrência, envie evidências ao CERT.br e ONGs como a SaferNet. Essas ações ajudam a interromper os golpes, derrubar domínios fraudulentos e diminuir o alcance dos criminosos.
A internet só fica mais segura quando cada usuário decide fazer sua parte e ensinar outros a fazerem o mesmo. Compartilhe este texto com quem você ama — informação bem distribuída é uma das melhores defesas que temos.