O fim do ano se aproxima e, com ele, a combinação perfeita entre correria, compras, planos de viagem e a entrada do tão esperado 13º salário. Esse é justamente o período em que criminosos cibernéticos intensificam suas ações, aproveitando a pressa, a distração e o volume de dinheiro circulando para aplicar golpes cada vez mais convincentes.
Ao mesmo tempo em que as pessoas estão mais ocupadas organizando festas, adquirindo presentes e fechando reservas, sua atenção aos detalhes diminui — e é exatamente dessa brecha que os golpistas gostam de explorar.
A temporada de dezembro é marcada por três sentimentos que os criminosos conhecem bem: urgência, confiança e emoção. A urgência aparece nas compras de última hora e nas promoções limitadas. A confiança surge quando e-mails ou mensagens parecem vir de fontes oficiais, como bancos ou departamentos de RH.
Já a emoção é usada para fisgar quem está animado com festas, viagens ou oportunidades de economia. A soma desses fatores cria um terreno fértil para fraudes de todos os tipos.
Um dos golpes mais comuns do período envolve o 13º salário. Funcionários contratados via regime CLT frequentemente recebem mensagens que simulam comunicados de bancos ou do próprio RH, oferecendo antecipações, atualizações cadastrais ou “liberação imediata” do benefício.
O golpista envia um link que leva a uma página quase idêntica ao site verdadeiro do banco e induz a vítima a fornecer dados sensíveis. Em outros casos, a mensagem inclui um anexo que instala um malware no computador, capturando senhas e outras informações.
A eficácia desse esquema aumenta porque realmente se espera algum tipo de comunicação interna nessa época, o que reduz o senso crítico de quem recebe.
Outro esquema muito comum envolve lojas e anúncios falsos nas redes sociais. Durante dezembro, as buscas por presentes crescem e, com elas, as armadilhas. Golpistas criam e-commerces fraudulentos com aparência profissional e investem em anúncios patrocinados oferecendo produtos populares com descontos muito acima do normal. Comentários falsos e fotos bem produzidas reforçam a ilusão de legitimidade.
O pagamento quase sempre é solicitado por Pix para “garantir o estoque”, mas o produto nunca chega. Como tal método de pagamento é instantâneo e (por enquanto) extremamente difícil de se reverter, recuperar o dinheiro se torna uma missão quase impossível.
As festas também estimulam golpes em forma de promoções falsas. Circulam amplamente no WhatsApp e redes sociais campanhas oferecendo brindes, vales-compras e kits de Natal.
A vítima é convidada a preencher um formulário simples ou compartilhar o link com contatos para validar a participação. Com isso, os fraudadores coletam informações pessoais, ampliam a base de futuras vítimas e, em alguns casos, direcionam o usuário a páginas que instalam aplicativos maliciosos.
Com a proximidade do Réveillon, muitos querem garantir pousadas, pacotes e viagens. Criminosos aproveitam essa demanda criando sites e perfis falsos que simulam agências e hotéis, oferecendo valores muito abaixo da média. O visual do site costuma ser convincente, com fotos profissionais e avaliações forjadas.
O pagamento também costuma ser via transferência ou Pix. A vítima só vai perceber o golpe quando tentar confirmar a reserva diretamente com o hotel verdadeiro e descobrir que ela nunca existiu — existindo a possibilidade dessa catástrofe ocorrer presencialmente, quando o internauta viajar e tentar realizar o check-in. Imagina o desespero?
Golpes envolvendo QR Codes falsificados (o chamado quishing), boletos falsos e pagamentos instantâneos também aumentam muito no fim do ano. Um código substituído pode desviar o pagamento para a conta de um criminoso sem que a vítima perceba. Isso acontece tanto no ambiente físico — em promoções de rua, feiras e eventos — quanto no digital, especialmente quando alguém envia links ou imagens de pagamento por chats.
Boletos falsificados, embora estejam se tornando menos comuns, ainda circulam por aí e funcionam de maneira semelhante: a vítima acredita que está pagando uma compra legítima, mas na prática está transferindo o dinheiro para um golpista.
A clonagem de WhatsApp permanece entre os golpes mais comuns e perigosos. Basta que a vítima clique em um link suspeito ou forneça o código de verificação recebido por SMS para que o criminoso assuma a conta. A partir daí, ele se passa pela vítima, envia mensagens a amigos e familiares com pedidos urgentes de dinheiro e geralmente é bem-sucedido porque a comunicação aparenta vir de uma fonte confiável.
Antes das orientações práticas, vale reforçar que a maioria dessas fraudes se apoia em dois fatores principais: a pressa e a ausência de verificação. Quanto mais rápido o golpista induz uma ação impulsiva, maior é o sucesso. Desenvolver uma “desconfiança saudável” é, portanto, a melhor defesa.
Dicas rápidas para evitar golpes no fim do ano
Com esses cuidados, é possível reduzir significativamente o risco de cair em golpes. Embora essa seja uma época em que muitos criminosos aproveitam a movimentação financeira e emocional das pessoas, estar informado é a melhor forma de se proteger. A atenção aos detalhes, a verificação de links e promoções e o uso de canais oficiais podem evitar prejuízos e dores de cabeça.
Quanto mais tentadora a oferta, maior deve ser o seu cuidado. Se algo parece bom demais para ser verdade, provavelmente é. A prevenção continua sendo sua maior aliada para garantir que o 13º salário, as compras de Natal e os planos de Ano Novo sejam vividos com tranquilidade, segurança e sem surpresas desagradáveis.